Uma lenda popular - Kianda

Kianda

A lenda de Kianda

O povo angolano (pelo menos alguns), acredita em sereias.

Estes seres sobrenaturais, segundo consta, podem fazer o bem e o mal. Transmitem o medo e perigo, mas também cultivam o amor.

Pelo menos é nisso que o povo acredita. Em Kimbundo, língua Bantu a sereia das sereias é conhecida como Kianda. Cada rio, cada lago, cada poço, cada reservatório de água pode ter uma sereia.

Mas a rainha. A sereia das sereias mora mesmo no mar. Kianda é a mais poderosa de todas as sereias. É amada, venerada e temida. Não há pescador que não lhe faça oferendas ou procure a sua atenção.

Forte S. Miguel perto de Luanda

Dizem que Kianda morava nos rochedos ao redor da Fortaleza de São Miguel perto da Praia do Bispo em Luanda. Um dia, Kianda  vagava sozinha quando viu um pobre pescador que, pela dureza da vida, andava triste e sem esperanças de melhoras. Num acto de bondade, apareceu-lhe e mostrou-lhe um tesouro escondido, que só ela conhecia.

O homem enriqueceu da noite para o dia, mas ao mesmo tempo, tornou-se egoísta e avarento. Passou a usar o dinheiro apenas para seu próprio proveito sem se preocupar com mais ninguém.

Kianda que o acompanhava de longe, não gostou nada do que viu e resolveu dar-lhe uma lição. De um momento para o outro, fez o tesouro desaparecer deixando o pescador mais pobre do que alguma vez fora.

Decepcionada, Kianda jurou que jamais ajudaria outro homem e passou a enfeitiçar com seu canto, a todos aqueles que se aproximassem das suas águas, prendendo-os no fundo do mar. 

Será Kianda no Porto do Lobito?

Há quem diga que  Kianda, passeia pelas aldeias à noite encantando aldeias inteiras. Há quem jure que já ouviu o som da rainha das sereias e o ladrar dos cães ou mesmo o cantar dos galos, vindo de uma aldeia condenada a viver para sempre no fundo das águas.

 

Bom, que é uma lenda engraçada, é. E como a maior parte, tem a sua mensagem e o seu ensinamento. Já fui muitas vezes à pesca, de praia ou de barco e nunca ouvi ou vi nenhuma Kianda. Mas também não sou avarento nem ganhei nenhum tesouro, a não ser uns peixitos porreiros. Quem sabe um dia.

Por agora deixo-vos com esta lenda gira da cultura popular deste país e prometo contar mais algumas. Por agora vou lanchar uma bolinha de Berlim. 

Vai uma trinca?