A viagem

Ficou o destino traçado quando um dia o meu amigo João, que trabalha no Huambo, me perguntou se estaria interessado em trabalhar em Angola. Bem, para ser sincero, para mim, como para muitos portugueses, este destino fica traçado desde o momento em que a classe de políticos corruptos e preocupados em safar a própria pele, toma conta do país. Mas enfim, passado um mês, andei para cima e para baixo a tratar de vistos, passaportes, vacinas etc. e embarco então no dia 1 de Julho com destino a Luanda e de seguida para o Huambo onde estarei uma semana antes do meu destino final, Benguela.
Com um misto de satisfação, por ter conseguido uma boa posição de emprego e tristeza por ter de deixar o meu lar, a minha mulher, a minha filha, a minha família e amigos para trás. Mas o que tem de ser, tem muita força e além de sempre ter gostado de um bom desafio, pelo pouco que até agora conheço deles, os meus novos patrões parecem-me excelentes pessoas e homens de trabalho.
Tudo acordado, estou pronto para seguir viagem. Tenho conversado com pessoas amigas e família (angolanos da parte da minha mulher) e, todos os que conhecem Benguela, me falam maravilhas do local. Que vou adorar, que "vais para lá abrir caminho à tua mulher e filha e depois vais ver que tão cedo não queres voltar". Estou entusiasmado e vou esperar para ver pelos meus próprios olhos, é claro. Pelo que consigo ver na net o local é muito bonito. Tem imensas praias e um mar riquíssimo em peixe (as minhas canas já vão a caminho).
O dia aproxima-se, tenho uma longa viagem pela frente e já ando triste em antecipação por ter de dizer adeus à minha mulher e à minha filha. Mas temos todos de ter força. Melhores dias virão e, mais cedo do que se pensa, já elas estarão ao pé de mim.
Quanto ao resto da minha família, espero que todos fiquem bem nestes tempos difíceis que se atravessam nas nossas vidas.
Aos meus amigos, um grande abraço e uma promessa de nos contactar-mos com regularidade.
Para os meus grandes amigos (vocês sabem quem são) até já.
Para já fico por aqui. A partir de dia 1 já terei mais para vos contar.

Dia 1. Acabei de deixar a minha mulher e a minha filha. Foi certamente, uma das coisas mais dolorosas que já fiz. Nunca deixei a minha filha a chorar e para mim, foi desgastante. O que me move, é a força de vontade de vencer e dar-lhe um futuro plausível. Depressa estarão de novo comigo. Por ora, não tenho cabeça para escrever mais.

Dia 2 Cheguei ao Huambo. Terra cheia de contrastes. Até aqui, fui bem recebido e a viagem correu sem precalços de maior. A cidade é cheia de vida, e o primeiro contacto com as pessoas tem sido muito bom.

A CAMINHO DE BENGUELA
Pequeno Imbundeiro
Aldeia tradicional
Aldeia
Planta local
Ninho de termitas


Entrada do Lobito
Zulu
A caminho de Lobito
Aldeia
Zulu
Na Restinga do Lobito
Zulu
Zulu
Domingo de manhã, comecei a viagem para Benguela por volta das 10.30. Saí do Huambo em direção ao Alto do Hama, para depois virar à esquerda em direção ao Lobito. Mal entrei na estrada nacional (que não fica nada a dever aos nossos IP’s) começou o espetacular da paisagem. Diria que se assemelha, ao que conhecemos pela TV, a uma savana. À beira da estrada, muita bananeira, muitas acácias e muito capim. Por vezes algumas zonas queimadas que, penso que são queimadas de propósito ou então, os bombeiros daqui utilizam a técnica do deixa arder. Pelo caminho passei por varias aldeias e vilas, umas com as tradicionais cubatas, que segundo o meu amigo João são estranhamente frescas, apesar de serem feitas de barro e palha. Passei por terras como: Chipipa, Lumanda, Tchitatameia, até chegar então ao Alto do Hama. Depois segui por: Cussangai, Londuimbali, Cuqueta, Congo, Ussoque e Balombo, a primeira vila que vemos quando se entra na Província de Benguela. Depois veio então a zona do ananás: Ucongo, Catongo, Chandongo, Cahata, Kanjala, Hanga, Caluíta, Amenla até chegar a uma vila já de proporções razoáveis que se chama Monte Belo. Comecei então a percorrer uma zona onde me fartei de ver Imbundeiros pequenos com o seu fruto pendurado que mais parecem morcegos a dormir, a Múcua (dizem que é bom). Passei então por terras como: Manga, Kalosonga, Alenco, Fazil, Bocoio, Uguengue, Ungombo, Kamoko e por fim, cheguei às portas do Lobito. Devo aqui dizer que, para quem não conheça nada, a entrada do Lobito, intimida qualquer um. Parece que estamos a chegar ao Afeganistão. Mas, depressa passamos a periferia e se chega ao centro do Lobito e se vai até à zona marítima, especialmente ao local onde fui almoçar: um restaurante espectacular chamado Zulu que se abrisse na Arrábida ou em Sesimbra ou qualquer local bonito junto ao mar, tenho a certeza que teria sucesso. Daqui a uns dias volto lá e tiro umas fotos melhores, hoje foi um pouco à pressa.
Que almoço tão fixe à beira mar
Acabado o almoço, fui directo a Benguela, seguindo a linha do comboio e cheguei à cidade por volta das 17 horas.
Como vos poderei descrever Benguela pelo pouco que vi? Ruas bonitas, bananeiras e palmeiras por todo o lado, estradas bem arranjadas e cafés, pastelarias, comercio por todo lado. Desenganem-se aqueles que têm uma ideia má, caótica, desarrumada e pobre. A minha primeira impressão foi mesmo muito positiva e, mais para a frente, irei tirar bastantes fotos para vos mostrar esta cidade que, espero, me acolha de braços abertos.
Dapandula.

13 comentários:

  1. Oi Paulo
    Quero apenas desejar-te tudo de bom e dizer que espero que sejas feliz nesta nova etapa e que o mais rápido possível se possam juntar a ti a Cristina e a Catarina. Por mim, tenciono seguir a tua "aventura" e já sabes, se precisarem de alguma coisa... continuo por aqui.
    Beijinhos.
    Tita

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  2. Olá Paulo
    Fico feliz por saber que vais à luta! Desejo a satisfação dos teus anseios,e que isso traga a felicidade para ti e,tua família.
    Vai dando noticias!
    Um forte abraço do joão marques

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    1. Obrigado caro amigo. Tudo de bom para tí e para os teus.

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  3. Como sabes aquilo que penso não tenho muito para te dizer, simplesmente deves guiar-te pelos teus instintos e não acreditares em tudo o que te dizem. As pessoas em geral não são aquilo que aparentam, lembra-te sempre disso. Abraço
    Vamos falando!

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  4. Como é companheiro, já montaste acampamento? Então, qual a primeira impressão daí? Espero que esteja tudo bem contigo, dentro da medida do possível.
    Abraço!

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  5. Grande abraço amigo Paulo. Só boa sorte para ti amigo.

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  6. olá pai não me importava de ter um porteiro desses é muito fofinho quem sabe se o dodot não gostava de o ter como amigo. beijos muito grandes adoro-te

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  7. muito obrigado pai por teres visto as minhas fotos prometo-te que quando vieres vais ver-me a fazer surf
    beijinhos da tua filhota que te ama muito!!!!

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  8. Olá meu amor fico feliz por saber que te tratas bem esse linguado esta com um aspecto delicioso mas gostei de ver o licor beirão o areias sempre com um ar bem disposto

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  9. O ninho de termitas ai chama-se um morro de salale ;)

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  10. Nao sei qual e a sua profissao,so sei que nao consigo parar de ler ja que a descricao du tudo e simplesmente espectacular,e como se fosse eu a voltar a esse pais maravilhoso,gostei imenso e inscrevi-me no site,voltarei em breve,parabens e tudo de bom,um abraco,Paulo Carvalho.

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