quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Uma pequena lenda para recordar

Apesar de estar em Portugal, o meu pensamento tem estado longe. Para me entreter, resolvi aqui publicar uma lenda africana bem engraçada. Espero que gostem...



Antigamente num lugar distante da Guiné havia uma tribo cujos habitantes se chamavam Bijagós. Falam entre eles que a primeira ida à lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco. Esta história já vem de há muito tempo e tem sido passada de geração em geração.
Nas proximidades dessa aldeia, certo dia, os macaquinhos de nariz branco combinaram entre eles viajar até à Lua e trazê-la para a Terra. Procuraram, sem encontrar, um lugar por onde subir e numa manhã, já exaustos de tanto procurar, o macaquinho mais pequeno teve uma ideia.
   - Porque não nos encavalitamos uns nos outros?
   Um após o outro foram subindo e subindo e por fim, houve um que tocou na Lua. Mais abaixo, porém, os macacos começaram a ficar cansados e impacientes. O macaquinho que tocou na Lua, nunca mais conseguia entrar. As forças começaram a falhar e ouviu-se um grito e a enorme coluna desmoronou. Todos eles caíram no chão, expecto o macaquinho mais pequeno que continuou agarrado à Lua que o segurou pela mão e o ajudou a subir.
A Lua, achou-lhe tanta piada que lhe ofereceu um tamborzinho de presente. O macaquinho, depressa começou a aprender a tocar o seu tambor e deixou-se ficar por ali vários dias. Mas, tanto passeou e tanto tocou no seu tambor, que os dias foram passando e o macaquinho foi começando a sentir muitas saudades da sua família e amigos e foi pedir à Lua que o deixasse voltar para junto deles.
   - Porque queres voltar?- Perguntou-lhe a Lua.
   - Tenho saudades da minha terra, das palmeiras, das mangueiras, das acácias, dos coqueiros, das bananeiras e da minha família- respondeu o macaquinho.
A Lua mandou-o sentar no tamborzinho, amarrou-o com uma corda e disse-lhe:
   - Macaquinho de nariz branco, vou fazer-te descer, mas toma atenção ao que te digo. Não toques o tamborzinho antes de chegares lá abaixo. E quando puseres os pés na Terra, tens de tocar então com força para eu ouvir e cortar a corda. E assim ficarás liberto.
        O Macaquinho, muito feliz da vida, foi descendo sentado no tambor. Mas a meio da viagem, aborrecido porque nunca mais chegava, não resistiu à tentação. De leve, levezinho, de modo a que a Lua não o pudesse ouvir, pôs-se a tocar tambor no tamborzinho. Porém, o vento, levou o som do “tantan” como um rumor aos ouvidos da Lua e esta pensou:  
   -O Macaquinho chegou à Terra.
   E mandou cortar a corda. O macaquinho sentiu a corda desprender e foi atirado ao espaço e caiu desamparado na ilha natal. Começou a vaguear a muito custo, até que acabou por não poder mais e no seu caminho, surgiu uma rapariga a cantar e a dançar ao ritmo de uma canção. De repente, com muito espanto, ela viu, o coitado do macaquinho, infeliz, estendido no chão. Mas este, tinha os olhos muito abertos, despertos, como duas brasas que produziam luz. O tamborzinho estava ainda junto dele e com grande esforço ainda conseguiu dizer à rapariga que aquilo era um tambor e o ofereceria aos homens do seu país.
    A rapariga, ainda não refeita da surpresa, correu o mais veloz que pôde e foi contar aos homens da sua raça o que acabava de acontecer. Veio gente e mais gente, espalharam-se archotes, Ouviram-se canções e naquele recanto da terra africana, fez-se então o primeiro batuque ao som daquele maravilhoso tambor. Então, os homens daquela terra, construíram muitos tambores e, em pouco tempo, não havia terra africana onde não houvesse desses tamborzinhos. Com eles, transmitiam notícias a longas distâncias e com ele, festejavam os grandes dias das suas vidas e dos seus povos.
O tambor ficou tão querido e tão necessário para o povo africano que, em dias de tristeza ou em dias de alegria, é ele quem melhor exprime a grandeza da sua alma.

Até breve. Voltarei um destes dias...


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Um passeio ao Sumbe (Novo Redondo)



Este Domingo tive possibilidade de ir passear novamente. Desta vez decidiu-se ir até às Quedas da Gabela (ou da Binga, acho que lhes chamam das duas maneiras).
O trajeto é cerca de 256Km para cada lado e apesar de a estrada ser estreita (tratando-se do principal acesso a Luanda, podiam ter feito bem melhor) o caminho faz-se bem.
Comecei por parar no Lobito para ver os bandos de Flamingos cor-de-rosa que param lá. Bonito de se ver. Depois, seguindo viagem, chegamos ao cruzamento Huambo/Luanda e seguimos para Luanda. Passamos por Culango, pela entrada do Egito-Praia (fica prometido visita na próxima oportunidade), parámos em Casa Branca para desentorpecer e beber um sumo de Goiaba muito fixe e depressa chegámos a Canjala. A paisagem, desde que se sai do Lobito começa logo a alterar e a partir deste ponto, os cursos de água são inúmeros e as pontes por onde passamos oferecem sempre um espetáculo natural muito bonito. Seguindo viagem, passamos ainda por terriolas como Eval Guerra, Farol do Kicombo, no Restaurante Eclipse no Quicombo (onde me cobraram 200Kz por um café deslavado) e finalmente chegamos ao Sumbe.


A Sé Catedral no Sumbe
O rio Keve

Aqui entrámos um pouco na cidade e fomos ver as praias e a sé. Existem por aqui à beira mar vários restaurantes para se almoçar com ótimo aspeto, vale a pena vir ao Sumbe dar uma volta. Retomámos o nosso destino e passámos por Bezengulo, Cassonga e Quilunda até chegarmos à Cachoeira. Ainda fomos mais à frente na direção da Gabela e, imagine-se, ainda entrámos no Zaire. Aldeia do Zaire, claro.
A praia no Sumbe


As quedas são espetaculares
As quedas de água são realmente um espectáculo lindíssimo oferecido pela natureza, e nesta altura, devido às chuvas, o caudal estava forte e a beleza é ainda maior. Acabámos a comer um churrasco no restaurante da cachoeira que apesar de ter um ambiente engraçado nos deu uns franguitos que tinham mais osso que carne. Mas estavam saborosos.
À vinda para cá ainda deu para parar e apreciar a flora. Inúmeros imbundeiros, uns cactos altíssimos que me fazem lembrar o faroeste e uns outros que apresentam uma flor vermelha nesta época do ano e que parecem candelabros. O passeio foi muito fixe e apesar de a companhia ter sido ótima, adorava poder vir mostrar tudo isto às minhas miúdas. Um beijinho saudoso para elas…

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Passeio a Lubango (Sá da Bandeira)



Aldeia da roupa branca

No passado domingo, na companhia de bons amigos, resolvemos ir ao Lubango. Acordamos todos bem cedo e fizemos-nos à estrada pelas cinco da manhã. Quando se vai para um passeio assim, não há hipótese, ou se sai cedo ou então o melhor é ficar em casa. Mas teve as suas benesses, vi o nascer do sol no horizonte, conseguimos ir parando regularmente sempre que aparecia alguma paisagem mais interessante (e havia muitas), e principalmente a viagem correu sem incidentes.
As espatodias
Nas cascatas de Tundavala
No caminho passamos por terras, vilas e rios que valeram bem a pena parar para ver e fotografar. O itinerário foi mais ou menos assim: a primeira localidade a surgir foi o Catengue onde alimentámos a esperança de beber o café matinal, mas quando lá chegámos estava ainda fechado. Continuámos então e passámos a vila de Chongoroi onde ainda parámos para fotografar o Rio Cutembo com as suas lavadeiras a lavar a roupa no rio (estilo Aldeia da roupa branca). Avançámos para o Município de Quilengues e ai sim, depois de uma breve paragem pelo rio Calunga que ao que dizem tem bastantes jacarés, encontrámos o bem-dito café. Aqui fiz mais uma “amiga”, uma velhinha simpática e com o rosto marcado por uma vida de sacrifício que teimava em falar comigo em umbundo e que, na hora da despedida me deu um sorriso sincero e verdadeiro que não esquecerei tão cedo.
Cristo rei no Lubango
Na Serra da Leba
Cascata Tundavala
Gafanhoto bem giro
Lá prosseguimos, passámos por Vitivivali, depois Cacula, Hoque e por fim chegámos a Desvio e ao mercado de rua que lá existe. Belo local para comprar tudo o que é legumes, fruta e carvão (ao que dizem a zona é muito boa para o carvão e compra-se uma saca por uns 500KZ enquanto que em Benguela anda pelos 1000KZ ou 1200KZ). A oferta no mercado é enorme: cana de açúcar, lussaque, cenoura, cebola, repolho, batata, mandioca, alho, goiaba (vejam o separador Cores, Cheiros e Sabores). Aqui, vi pela primeira vez, as mulheres da tribo Mumuila (vejam o separador Gentes e Costumes). Uma delas, mui simpaticamente e depois de lhe pedir a devida autorização, deixou-me fotografá-la (por 200KZ, claro!).
Lodge Pululuka
Igreja no Lubango
Saímos dali e entrámos mais à frente no Município do Lubango. Passámos o Topo e chegámos à cidade. Fiquei encantado com Lubango. A cidade é muito bonita, limpa (tirando o pó) e tal como Benguela que tem acácias com flores vermelhas, Lubango está cheio de uma árvore chamada Espatodia que dá uma flor alaranjada e que dá à cidade um look muito giro. A cidade tem avenidas incríveis, é ladeada por montanhas altas onde ao longe se pode ver o Cristo-rei (construído em 1932, senão me engano foi o primeiro). Conheci também um professor que dá aulas numa universidade no Lubango e encontrámo-nos com ele lá no Cristo-rei (a vista sobre a cidade é incrível). Depois de uma conversa bastante instrutiva sobre a cidade de Lubango, ainda nos fez a gentileza de nos mostrar o Lodge Pululuka que, meus amigos, é um espetáculo. O meu abraço a este novo amigo, foi um prazer conhecê-lo.

Dali ainda visitámos Tundavala e umas magníficas cascatas que lá existem (vejam o separador Lugares) onde no caminho vimos mais Mumuilas e seguimos então, para o Ex-Libris daquela terra. A Serra da Leba. Não me irei adiantar muito aqui porque vou escrever sobre a Serra no separador Lugares mas deixem que vos diga, o lugar é espetacular e vale bem a pena a viagem. No regresso, acabámos por sair de Lubango já um pouco tarde e acabámos por fazer boa parte da viagem de noite. A viagem de regresso não correu muito mal, não porque a estrada não esteja em boas condições (tirando um buraco ou outro) mas o problema são os condutores que aqui, não fazem ideia o que é conduzir sem os máximos ligados. Muito complicado. Mas chegámos a Benguela bem e a excursão foi um sucesso e Lubango é, decididamente, um lugar a visitar.
Lodge Pululuka
 
Predio no Lubango




Abraços

quinta-feira, 4 de abril de 2013

A Comporta

A paisagem é espetacular
Pois é meus amigos. Quando o trabalho o permite, vai-se dar uma voltinha para espairecer. Desta vez voltei à Comporta que fica na Catumbela. É sempre um passeio muito agradável e a zona, é muito fresca, cheia de verde, com o rio ao pé e a paisagem é de cortar a respiração.

Tem até outras benesses, arranjei uns amigos novos que me vão fornecer mamões quando eu quiser e são uns porreiros. E que me perdoe a esposa, acabei por conhecer duas novas amigas que andavam na lavra e que se mostraram muito simpáticas.

Malta porreira
Eles andam ai!


Novas amigas simpáticas


De resto, o local é riquíssimo em fruta, árvores gigantescas e um rio farto em peixe e outros bicharocos bons para ver ao longe. Além disso tem um pequeno canal a separar a estrada principal das pequenas povoações que cuidam das lavras que se podem visitar passando umas pontes um tanto ou quanto rudimentares.






Um passeio bem bonito, fresco e agradável no mínimo.

Um abraço a todos

sexta-feira, 29 de março de 2013

Feliz Pascoa

A todos os meus amigos e familiares, desejo uma pascoa feliz.

Os que me conhecem bem sabem que não ligo muito a feriados religiosos. Ainda assim, comi peixe nesta sexta feira santa. Uma bela garoupa que fizemos no forno (eu e mais um bom amigo) e rematámos com uma sobremesa não muito original mas deliciosa, abacate de cá com açúcar, limão e canela. De manhã fomos dar um mergulho à praia que estava uma delicia. A agua do mar aqui é morna e as águas desta praia são muito limpas. Agora de tarde para moer vou fazer uma partidinha de ténis para não perder o ritmo, senão quando chegar a Portugal o meu amigo Seixas dá-me cabo do juízo.

Até domingo, a rotina tirando o trabalho é claro, vai ser esta: Praia, casa, ir beber um café ou uma Cuca e boa companhia.

Só falta mesmo a companhia das minhas miúdas.

Enfim, aqui longe de tudo e de todos, temos de gozar a pascoa com a "família" que temos à mão. Os bons amigos que aos poucos vamos arranjando.



Baía Azul

Para eles e para todos os outros um abraço e não se estiquem no folar.