Bom estou por casa o fim-de-semana
inteiro sem muito para fazer a não ser comer, ver televisão ou acrescentar mais
umas tretas ao Blogue. Isto porque estamos num fim-de-semana de eleições aqui.
Manda o bom senso que se esteja mais por casa. Não que existam distúrbios, não
se houve falar de nada. O povo todo está mesmo virado para as eleições. Querem
participar no processo democrático e no futuro do seu país. E não falo só das
pessoas mais esclarecidas ou com uma classe social mais alta. Todo o povo.
Vê-se uma afluência às urnas enorme em todas as províncias que, tomara Portugal
contar com tanto fervor e tão pouco absentismo na hora de decidir o futuro do
país. Espero, sinceramente, que não ganhem o descrédito que os Portugueses têm
e participem sempre na eleição de quem os gere. Parabéns aos Angolanos.
Mas hoje estou para aqui a
escrever para me entreter e vou falar das diferentes línguas e povos desta
terra, ou pelo menos de algumas delas. O português continua a ser a língua
oficial de Angola, mas pelo país fora contam-se mais seis línguas africanas
reconhecidas como línguas nacionais — o Côkwe
(pronuncia-se tchocué), o Kikongo,
o Kimbundu, o Umbundu, o Nganguela e o
Ukwanyama — e mais algumas outras
línguas africanas e muitos dialectos que, sinceramente, será impossível, para
mim, vos falar deles.
Povo Bantu |
Estatua Ovibundu |
As
diferentes línguas que mencionei correspondem, como de resto por África
inteira, aos diferentes povos residentes nas várias regiões. A implantação
destas etnias, apesar das mudanças ocorridas desde os tempos coloniais, continua
praticamente inalterada. Em termos gerais, a esmagadora maioria do povo
Angolano é de origem Bantu. O principal grupo étnico bantu é o dos Ovimbundo que se concentra no
centro-sul do país, ou seja, no Planalto Central e arredores. Estes,
correspondem hoje em dia, a mais de 30% da população Angolana. A sua língua,
o Umbundu, é a segunda mais falada em Angola, a seguir ao português. Devido
à Guerra Civil Angolana, muitos Ovimbundo abandonaram as zonas rurais e fugiram
para as grandes cidades, não apenas para Benguela e Lobito, mas também para
Luanda e até para cidades periféricas como o Lubango, espalhando assim a sua
cultura e a sua língua por outras paragens.
Princesa Nzinga Ambundu |
Mascara Bakongo |
Em
questão de tamanho, o segundo maior grupo são os Ambundo que representam cerca de 25% da população. A língua que
falam é o Kimbundu e esta língua é falada por cerca de três milhões de pessoas,
geograficamente situam-se mais na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e
no Kwanza-Sul. O Kimbundu é uma
língua com grande relevância, por ser a língua tradicional da capital.
Estatua Ganguela |
Estatua Cokwe |
No
norte, nas províncias do (Uíge, do Zaire) e ainda parte do Kwanza-Norte,
concentra-se a maior parte dos Bakongo
que representam hoje pouco mais de 10% da população. A sua língua o Kikongo
(ou Kikoongo) era a do antigo Reino do Congo e tem diversos dialectos,
tal como as outras, de resto. Muitas pessoas deste povo, devido à guerra da
independência, refugiaram-se na Republica do Congo. Aí aprenderam também o Francês.
A maioria dos refugiados Bakongo, regressou para Angola a seguir à independência
e de uma maneira geral ocuparam os seus lugares de origem mas, alguns deles
acabaram por se fixar em outros locais formando assim núcleos populacionais
importantes em algumas cidades, principalmente em Luanda. Devido a tudo isto também
o Kikongo é uma língua falada por
mais de um milhão de pessoas.
Mascara Lwimbi |
Os
Côkwe estão presentes na parte leste
de Angola, desde a Lunda Norte ao Moxico e mesmo até ao Bié. Mais a norte
constituem mesmo, juntamente com os Lunda, quase toda a população. Mais a sul é
cada vez mais dispersa a presença deste povo e a mistura com os pequenos povos
da região, são habitualmente designados pelo termo Ganguela. A língua côkwe tem-se vindo a sobrepor ao Lunda,
mas, aparentemente, não às línguas de outros povos.
Mascara Lwena |
Os
povos designados como Ganguela: Lwena, Luvale, Mbunda, Lwimbi, Kangala,
Ambwila, Lutchaz, Kamachi etc. - não constituem, por serem mais dispersos uma
etnia abrangente. Cada um fala a sua língua, embora estas sejam bastante
parecidas. A isto frequentemente designam como "língua Nganguela" e tem, actualmente, o estatuto de
"língua nacional" e é na verdade apenas a língua de uma população
residente a leste e sul de Menongue.
Mulher Mukubai |
Mascara Mbunda |
Um
outro conjunto de povos é, o Nyaneka-Nkhumbi.
Contudo também não constituem uma etnia abrangente, nem pela sua identidade
social, nem por uma língua comum a todos eles.
No
caso dos Ovambo já é diferente. Estes são um grande grupo étnico existente
principalmente na Namíbia, mas, uma parte significativa, também habita a
província do Cunene, no sul de Angola. A sua língua é o Oshivambo, a língua africana mais importante da Namíbia. Em Angola
esta língua é geralmente falada na forma dos dialectos próprios dos diferentes subgrupos.
O subgrupo de maior destaque aqui em Angola é o dos Kwanyama (também
escrito "cuanhama"), mas há ainda os Kwamatu, os Kafima, os Evale e
os Ndombondola.
No
sudoeste de Angola existem pequenos povos aparentados aos Herero,
principalmente os Mucubais, os Himba e os Dimba.
Povo Luvale |
Povo Mucuisse do Sul de Angola |
A
situação étnica e linguística actual no extremo sudeste de Angola, na província
do Cuando Cubango, é pouco conhecida.
Finalmente
existem no sul de Angola grupos pequenos como os Khoisan, descendentes de povos não Bantus que falam as suas línguas
específicas.
Por
último, cerca de 3% da população actual é maioritariamente de origem portuguesa
ou mestiça, população que se concentra primariamente nas cidades e tem o português por língua materna. A descendência
Tuga, como é de calcular, está bastante implementada neste povo e, quanto a
mim, fazendo parte da sua história deverá sempre estar.
Povo nômade Herero |
Rapariga Kwanyama |
E
pronto, mais um bocadinho de cultura, que nunca é demais e sempre me deu um
pouco para me entreter e falar um pouco desta terra que me está a acolher.
Todos estes dialectos e as diferentes etnias devem, quanto a mim, ser preservadas.
Se formos todos iguais, isto não tem piada nenhuma. Até porque, juntamente com
a língua, vem a cultura e o saber popular passado através das gerações que, no
fundo, são o que dão cor, sabor e vida a qualquer país.
Como
dizem os Franceses: “Vive la diference”
Mulher Himba |
Despeço-me
aqui, espero que gostem do artigo e que me corrijam se encontrarem algum erro.
Um
abraço a todos.
Adeus.
Laripô. Twapandula pela vossa atenção e comentários e perdoem a pronuncia.
Digam-me lá que esta rapariga vestida pelo Valentino, com um penteado novo não rivalizava com qualquer Naomi Watts.
Gostei da foto do bolo de chocolate, gostei das fotos do hotel, mas gostei ainda mais da foto do Solar dos Leões. Eles não mordem e até são democráticos, as cadeiras da esplanada são azuis, isto não quer dizer FCP? pois não?
ResponderEliminarPareceu-me ser um bom restaurante onde qualquer bom benfiquista pode ir tomar uma refeição.
Bom Proveito.
D. Rosa, essa de gostar mais do Sola dos Leões, cheira-me a influências do Shô Cabaço. Com tanta foto bonita de Angola e das suas gentes e voce comenta-me os Lagartitos? Quanto a comer lá, ainda não me arrisquei. Mas é capaz de ser bom, quem sabe.
EliminarAbraços aos dois.
Entao paulo tu foste para ai trabalhar ou passear? Se isso é trabalho tambem quero LOL!
ResponderEliminarGRANDE ABRAÇO