sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Linguas e Povos de Angola


Bom estou por casa o fim-de-semana inteiro sem muito para fazer a não ser comer, ver televisão ou acrescentar mais umas tretas ao Blogue. Isto porque estamos num fim-de-semana de eleições aqui. Manda o bom senso que se esteja mais por casa. Não que existam distúrbios, não se houve falar de nada. O povo todo está mesmo virado para as eleições. Querem participar no processo democrático e no futuro do seu país. E não falo só das pessoas mais esclarecidas ou com uma classe social mais alta. Todo o povo. Vê-se uma afluência às urnas enorme em todas as províncias que, tomara Portugal contar com tanto fervor e tão pouco absentismo na hora de decidir o futuro do país. Espero, sinceramente, que não ganhem o descrédito que os Portugueses têm e participem sempre na eleição de quem os gere. Parabéns aos Angolanos.

Mas hoje estou para aqui a escrever para me entreter e vou falar das diferentes línguas e povos desta terra, ou pelo menos de algumas delas. O português continua a ser a língua oficial de Angola, mas pelo país fora contam-se mais seis línguas africanas reconhecidas como línguas nacionais — o Côkwe (pronuncia-se tchocué), o Kikongo, o Kimbundu, o Umbundu, o Nganguela e o Ukwanyama — e mais algumas outras línguas africanas e muitos dialectos que, sinceramente, será impossível, para mim, vos falar deles.

Povo Bantu
Estatua Ovibundu
As diferentes línguas que mencionei correspondem, como de resto por África inteira, aos diferentes povos residentes nas várias regiões. A implantação destas etnias, apesar das mudanças ocorridas desde os tempos coloniais, continua praticamente inalterada. Em termos gerais, a esmagadora maioria do povo Angolano é de origem Bantu. O principal grupo étnico bantu é o dos Ovimbundo que se concentra no centro-sul do país, ou seja, no Planalto Central e arredores. Estes, correspondem hoje em dia, a mais de 30% da população Angolana. A sua língua, o Umbundu, é a segunda mais falada em Angola, a seguir ao português. Devido à Guerra Civil Angolana, muitos Ovimbundo abandonaram as zonas rurais e fugiram para as grandes cidades, não apenas para Benguela e Lobito, mas também para Luanda e até para cidades periféricas como o Lubango, espalhando assim a sua cultura e a sua língua por outras paragens.

Princesa Nzinga Ambundu
Mascara Bakongo
Em questão de tamanho, o segundo maior grupo são os Ambundo que representam cerca de 25% da população. A língua que falam é o Kimbundu e esta língua é falada por cerca de três milhões de pessoas, geograficamente situam-se mais na zona centro-norte, no eixo Luanda-Malanje e no Kwanza-Sul. O Kimbundu é uma língua com grande relevância, por ser a língua tradicional da capital. 

Estatua Ganguela
Estatua Cokwe
No norte, nas províncias do (Uíge, do Zaire) e ainda parte do Kwanza-Norte, concentra-se a maior parte dos Bakongo que representam hoje pouco mais de 10% da população. A sua língua o Kikongo (ou Kikoongo) era a do antigo Reino do Congo e tem diversos dialectos, tal como as outras, de resto. Muitas pessoas deste povo, devido à guerra da independência, refugiaram-se na Republica do Congo. Aí aprenderam também o Francês. A maioria dos refugiados Bakongo, regressou para Angola a seguir à independência e de uma maneira geral ocuparam os seus lugares de origem mas, alguns deles acabaram por se fixar em outros locais formando assim núcleos populacionais importantes em algumas cidades, principalmente em Luanda. Devido a tudo isto também o Kikongo é uma língua falada por mais de um milhão de pessoas.
Mascara Lwimbi
Os Côkwe estão presentes na parte leste de Angola, desde a Lunda Norte ao Moxico e mesmo até ao Bié. Mais a norte constituem mesmo, juntamente com os Lunda, quase toda a população. Mais a sul é cada vez mais dispersa a presença deste povo e a mistura com os pequenos povos da região, são habitualmente designados pelo termo Ganguela. A língua côkwe tem-se vindo a sobrepor ao Lunda, mas, aparentemente, não às línguas de outros povos.
Mascara Lwena
Os povos designados como Ganguela: Lwena, Luvale, Mbunda, Lwimbi, Kangala, Ambwila, Lutchaz, Kamachi etc. - não constituem, por serem mais dispersos uma etnia abrangente. Cada um fala a sua língua, embora estas sejam bastante parecidas. A isto frequentemente designam como "língua Nganguela" e tem, actualmente, o estatuto de "língua nacional" e é na verdade apenas a língua de uma população residente a leste e sul de Menongue.
Mulher Mukubai
Mascara Mbunda
Um outro conjunto de povos é, o Nyaneka-Nkhumbi. Contudo também não constituem uma etnia abrangente, nem pela sua identidade social, nem por uma língua comum a todos eles.
No caso dos Ovambo já é diferente. Estes são um grande grupo étnico existente principalmente na Namíbia, mas, uma parte significativa, também habita a província do Cunene, no sul de Angola. A sua língua é o Oshivambo, a língua africana mais importante da Namíbia. Em Angola esta língua é geralmente falada na forma dos dialectos próprios dos diferentes subgrupos. O subgrupo de maior destaque aqui em Angola é o dos Kwanyama (também escrito "cuanhama"), mas há ainda os Kwamatu, os Kafima, os Evale e os Ndombondola.
No sudoeste de Angola existem pequenos povos aparentados aos Herero, principalmente os Mucubais, os Himba e os Dimba.
Povo Luvale
Povo Mucuisse do Sul de Angola
A situação étnica e linguística actual no extremo sudeste de Angola, na província do Cuando Cubango, é pouco conhecida.
Finalmente existem no sul de Angola grupos pequenos como os Khoisan, descendentes de povos não Bantus que falam as suas línguas específicas.
Por último, cerca de 3% da população actual é maioritariamente de origem portuguesa ou mestiça, população que se concentra primariamente nas cidades e tem o português por língua materna. A descendência Tuga, como é de calcular, está bastante implementada neste povo e, quanto a mim, fazendo parte da sua história deverá sempre estar.
Povo nômade Herero
Rapariga Kwanyama
E pronto, mais um bocadinho de cultura, que nunca é demais e sempre me deu um pouco para me entreter e falar um pouco desta terra que me está a acolher. Todos estes dialectos e as diferentes etnias devem, quanto a mim, ser preservadas. Se formos todos iguais, isto não tem piada nenhuma. Até porque, juntamente com a língua, vem a cultura e o saber popular passado através das gerações que, no fundo, são o que dão cor, sabor e vida a qualquer país.
Como dizem os Franceses: “Vive la diference”
Mulher Himba

Despeço-me aqui, espero que gostem do artigo e que me corrijam se encontrarem algum erro.
Um abraço a todos.
Adeus. Laripô. Twapandula pela vossa atenção e comentários e perdoem a pronuncia.

Digam-me lá que esta rapariga vestida pelo Valentino, com um penteado novo não rivalizava com qualquer Naomi Watts.

3 comentários:

  1. Gostei da foto do bolo de chocolate, gostei das fotos do hotel, mas gostei ainda mais da foto do Solar dos Leões. Eles não mordem e até são democráticos, as cadeiras da esplanada são azuis, isto não quer dizer FCP? pois não?
    Pareceu-me ser um bom restaurante onde qualquer bom benfiquista pode ir tomar uma refeição.
    Bom Proveito.

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    1. D. Rosa, essa de gostar mais do Sola dos Leões, cheira-me a influências do Shô Cabaço. Com tanta foto bonita de Angola e das suas gentes e voce comenta-me os Lagartitos? Quanto a comer lá, ainda não me arrisquei. Mas é capaz de ser bom, quem sabe.
      Abraços aos dois.

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  2. Entao paulo tu foste para ai trabalhar ou passear? Se isso é trabalho tambem quero LOL!

    GRANDE ABRAÇO

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